Uma coisa que em geral ninguém comenta tanto em eventos de UI e Design Visual é o fato que normalmente treinamos para deixar nossas interfaces apenas visualmente interessantes. Quando alguém fala do tema acessibilidade é como se fosse algo muito distante de nós. “Isso é trabalho do pessoal de front”. Será?
A pessoa de front-end pode ter tomado cuidado com alguns pontos, mas se o layout peca em outros, não adianta muita coisa. Um site com código acessível e o layout não é como arrumar metade de uma sala bem bagunçada.
Depois do seu primeiro feedback de um usuário daltônico que não consegue diferenciar o ícone verde do cinza você começa a pensar um pouco fora da sua bolha “vamos deixar isso tudo bem bonito”.
E quando falamos de acessibilidade, não estamos nos referindo somente à pessoas com deficiência (PCD) mas também criando um site mais fácil de usar para idosos por exemplo.
Mas deve ser difícil…
Ninguém falou que seria fácil, mas não é um bicho de sete cabeças. Algumas decisões que tomamos ao fazer um layout podem mudar totalmente a experiência de usuário de uma pessoa. Abaixo um exemplo de uma formulário apresentando um erro, repare no preciso tom de vermelho usado na borda:
O que poderíamos fazer ali? Reforçar visualmente quais campos estão com erro! Algo que o Facebook faz por exemplo é colocar ícones para indicar isso:
Nunca passarás informação relevante apenas por cor.
Só isso? Fácil mesmo então!
Opa, pelo menos é um começo, pois existem muitos outros pontos interessantes para pensarmos quando estamos “leiautando”, por exemplo:
- evitar cores muito contrastantes e uso de figuras de linguagem pensando no público autista (TEA)
- usar gráficos para acompanhar textos muito longos pensando em pessoas com dislexia
- fornecer legendas em vídeos com o público Surdo em mente
- parar de achar que uma fonte de 10px é um tamanho bom e ficar com o discurso de “qualquer coisa a pessoa dá zoom, né?”
Reparou que tudo isso pode ser benéfico para pessoas que não possuem nenhuma dessas deficiências e particularidades também? Quando você deixa seu design inclusivo automaticamente já melhora a usabilidade para todos e todas.
E onde vejo a documentação disso tudo?
Existe a WCAG 2.1 (Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web) organizado pela W3C, empresa por trás dos padrões web.
Se a leitura for muito pesada para você (assim como foi para mim) recomendo o magnífico trabalho do Marcelo Salles que mostra todas as diretrizes de acessibilidade web de forma simples e prática.
Além do próprio Marcelo citado acima, recomendo o trabalho da Talita Pagani e do Reinaldo Ferraz que além de serem ótimas referências no assunto sempre estão palestrando sobre.
Agora pare de preguiça e entenda que um design bem feito é um design inclusivo. Existem alguns plugins focados em acessibilidade que podem te ajudar com isso.
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